Reflexão do Padre




Casamento não é pra qualquer um. Uma vez ouvi que casar é fazer caber na mesma casa duas pessoas e suas malas. Não apenas as malas óbvias, concretas, de rodinhas, mas, sobretudo as malas-velhas, o que cada um já viveu, o que vem trazendo dentro do coração e da mente e que, assim que casamos, precisam ser guardadas nos novos armários a serem construídos juntos. É diferente de namorar, quando deixamos nossas malas bem guardadinhas e selecionamos as mudas de roupa mais bacanas pra ir encontrar o outro. Casamento dá trabalho, porque sempre vai pular uma roupa velha, um chinelo sujo, aquela calça rasgada que a gente insiste em não jogar fora… tudo isto vai aparecer quando as malas se juntam. Nem sempre estaremos com a melhor camisa nem o melhor vestido. Nem sempre o cabelo mais sedoso e a barba mais bem feita.
Mas quem foi que inventou que felicidade é isto? Felicidade é o contrário disto. É compreender – mas compreender mesmo, com unhas, dentes e as fibras mais profundas do coração – que tem alguém ali do seu lado, tão importante quanto você, com ideias tão relevantes quanto as suas, com sentimentos tão profundos e legítimos quanto os seus, que mais uma manhã abriu os olhos pra você e para este riquíssimo convívio que é casar. Daí a pessoa, suas malas e seus conteúdos vão aos poucos de desvelando, e juntos, vamos aprendendo – não sem errar muito! Como eu, a Camila é professora e sabe que aprendemos é pelos erros, e não pelos acertos… – aprendemos a hora certa pra cada coisa: cada gesto, cada pergunta, cada resposta, cada palavra, cada silêncio.
O silêncio é muito importante, tanto quando a “Caixa do Nada”. Já ouviram falar? Dizem que o cérebro do homem é feito de caixas, com uma caixinha pra cada assunto, e o cérebro da mulher é feito de um novelo de fios que se encontram, se amarram e se interconectam. Enquanto as caixas do cérebro do homem são organizadas de forma a nunca se tocarem ou seja, eles conseguem pensar em uma, e apenas uma coisa de cada vez, o nosso cérebro é este emaranhado de fios que se conectam pelo combustível da emoção. Daí conseguirmos gravar e lembrar detalhes pequeninos que, em geral, passam despercebidos pra eles. Enquanto eles conseguem ser práticos, objetivos e colocar ordem no nosso frequente caos emocional. O gostoso do casamento é aprender junto o valor destas diferenças e, principalmente pra nós, mulheres, aprender a respeitar e entender a diferença como bônus e sobretudo fazer as pazes com a caixa favorita deles: A Caixa do Nada. É ali que eles ficam por minutos, horas, tardes inteiras… fazendo e pensando… em nada. E nós, loucas que somos, começamos a interpretar tudo, chegar a nossas próprias e solitárias conclusões de que algo não vai bem, de que a gente devia dizer alguma coisa, de que eles deveriam levantar e ir lavar um prato… e então eles retornam do Nada, relaxados, felizes e gloriosos…nos enchem de beijos e da certeza de que está tudo bem!
Outra coisa muito importante: casem do jeito de vocês. Muita gente, gente que te ama mesmo, inclusive eu, vai querer dar palpite, apontar o que não está certo, mostrar como deveria ser, oferecer o melhor conselho na mais linda bandeja de prata, convencer vocês de que “isso é estranho”… Escutem agradeçam, e façam do jeito de vocês. Vocês têm um ao outro, e façam disto a coisa mais preciosa do mundo. Guardem o melhor de cada um para o outro, e sigam o caminho que escolherem, do jeito que vocês acharem melhor. Não tem receita, nem certo e errado. Sejam coerentes e respeitosos com seus próprios corações.
Pra terminar esta conversa, que se se propõe a dar conselhos eu não sei, mas que pode pelo menos dar umas dicas do que eu aprendi em 2 anos de casada depois de 9 de namoro, queria lembrar de uma pérola preciosa que aprendi com meu marido: quando forem escutar um ao outro, escutem mesmo. Parece simples mas a coisa que nós mais fazemos é escutar nossos próprios pensamentos enquanto o outro fala. Daí fazemos uma cara de “Arrã, tô te ouvindo…” enquanto nos afogamos nas nossas próprias ideias.  Casamento não é pra qualquer um, e felicidade não é o que se vende na revista e na TV. Na verdade, o amor não é isso que se vê, é algo muito maior, muito mais legal e muito mais valioso. Aproveitem!






Casais que convivem há anos falam de paciência, renúncia, compreensão.
Em verdade, cada um tem sua fórmula especial.
Recentemente lemos as anotações de um escritor que achamos muito interessantes.
Ele afirma que um bom casamento deve ser criado.

No casamento, as pequenas coisas são as grandes coisas.
É jamais ser muito velho para dar-se as mãos, diz ele.
É lembrar de dizer “te amo”, pelo menos uma vez ao dia.
É nunca ir dormir zangado.

É ter valores e objetivos comuns.
É estar unidos ao enfrentar o mundo.
É formar um círculo de amor que uma toda a família.

É proferir elogios e ter capacidade para perdoar e esquecer.
É proporcionar uma atmosfera onde cada qual possa crescer na busca recíproca do bem e do belo.
É não só casar-se com a pessoa certa, mas ser o companheiro perfeito.”

E para ser o companheiro perfeito é preciso ter bom humor e otimismo.
Ser natural e saber agir com tato.
É saber escutar com atenção, sem interromper a cada instante.

É mostrar admiração e confiança, interessando-se pelos problemas e atividades do outro.
Perguntar o que o atormenta, o que o deixa feliz, por que está aborrecido.
É ser discreto, sabendo o momento de deixar o companheiro a sós para que coloque em ordem seus pensamentos.

É distribuir carinho e compreensão, combinando amor e poesia, sem esquecer galanteios e cortesia.
É ter sabedoria para repetir os momentos do namoro.
Aqueles momentos mágicos em que a orquestra do mundo parecia tocar somente para os dois.

É ser o apoio diante dos demais.
É ter cuidado no linguajar, é ser firme, leal.

É ter atenção além do trivial e conseguir descobrir quando um se tiver esmerado na apresentação para o outro.
Um novo corte de cabelo, uma vestimenta diferente, detalhes pequenos mas importantes.

É saber dar atenção para a família do outro pois,
ao se unir o casal, as duas famílias formam uma unidade.

É cultivar o desejo constante de superação.
É responder dignamente e de forma justa por todos os atos.
É ser grato por tudo o que um significa na vida do outro.

***

O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio,
vai se firmando dia a dia, através da convivência estreita.

O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura,
não tende a acabar, mas amplia-se,
uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes,
manias e costumes de um e de outro.

O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade,
da cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.


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